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  • Foto do escritorSalah H. Khaled Jr.

Salah H. Khaled Jr. discute Games x Violência no GG eSports Summit, nos estúdios da Rede Globo



No último dia 25 de novembro, Salah H. Khaled Jr, presidente do Instituto Brasileiro de Criminologia Cultural e autor do livro "Videogame e violência: cruzadas morais contra os jogos eletrônicos no Brasil e no mundo", participou de evento realizado nos estúdios da Rede Globo, em São Paulo.


O painel, mediado pelo repórter Chandy Teixeira, também contou com a participação dos streamers Patife e Gaules, que contribuíram para o debate com base nas suas ricas experiências como jogadores e membros ativos do ecossistema dos eSports.


Khaled Jr referiu que o tema contempla pelo menos cinco dimensões diferentes de análise: a) histórica, uma vez que as cruzadas morais contra os games já duram cinco décadas; b) normativa, uma vez que intenções de proibição e criminalização ferem a liberdade de expressão artística, posição já assumida pela Suprema Corte dos Estados Unidos e respaldada pelo art. 5º, inc. IX da CF/88; c) psicológico-social, uma vez que grande parte dos estudos que apontam que os games provocam (ou não) violência foram discutidos neste campo, por autores como Anderson, Bushman e Ferguson; d) criminológica uma vez que a criminologia é a ciência que estuda tanto as possíveis causas da violência quanto os complexos processos de interação social que resultam na eventual atribuição do rótulo criminal para determinadas pessoas, grupos ou subculturas; e) empírica, sendo necessário que o pesquisador tenha familiaridade com o objeto, ou seja, com os games, para evitar noções esdrúxulas sobre eles.


Salah referiu que historicamente os games foram taxados, na melhor das hipóteses, como uma perda de tempo. Nas piores, como algo prejudicial aos próprios usuários (porque supostamente seriam viciantes) ou perigosos para terceiros, já que supostamente provocariam violência real. O professor foi taxativo: a violência decorre das situações e frustrações da vida real. Ataques a tiros são performances tanto simbólicas quanto físicas: por meio de cerimônias de degradação, os autores pretendem se empoderar, impor determinados significados nas vítimas e projetar significados para potenciais audiências. Podemos pensar em tais atentados como projetos falhos de identidade, através dos quais os agressores são movidos por um desejo de glória e pretendem perenidade. Registram a preparação (e até os próprios ataques em alguns casos) porque desejam deixar um legado: querem ser reconhecidos como heróis em determinadas subculturas que prosperam na deep web, como ocorre com Eric Harris e Dylan Klebold, os atiradores de Columbine. Se queremos reduzir tais ataques, uma estratégia interessante pode ser a de negar aos atiradores esse reconhecimento. Na Nova Zelândia, o atirador de Christchurch não teve o nome divulgado. Se essas pessoas ganham destaque na grande mídia, alcançam exatamente o que desejam. Precisamos de uma rede de apoio eficaz, que seja capaz de identificar os problemas sociais e emocionais que as pessoas estão enfrentando e possivelmente ajudá-las. Quando falhamos com os rapazes de Suzano, falhamos também com as suas vítimas.


O evento, promovido pela unidade de Esportes do Grupo Globo, contou com as participação de Serginho Groisman, Roberto Marinho Neto, Caio Ribeiro e Leandro Valentim, que é Head de novos negócios do Grupo Globo e vários players que atuam nos eSports. O GG eSports Summit ainda contou com os painéis #Porque é Mulher, Profissão eSports e Tendências, além de showcases da Riot Games e Ubisoft. Para além da questão violência, merece também destaque a forma com que foram enfrentadas questões de diversidade e gênero, o que demonstra o engajamento da comunidade com dimensões que a própria Criminologia Cultural costuma debater, dentro do contexto da modernidade tardia.


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