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  • Foto do escritorSalah H. Khaled Jr.

Salah H. Khaled Jr discute games e ataques a tiros em audiência pública na Câmara dos Deputados

Atualizado: 3 de jul. de 2019

Convidado pela Deputada Flávia Morais (PDT-GO), Salah H. Khaled Jr. discutiu a suposta conexão entre games e violência e apontou que o Serviço Secreto americano e o FBI conduziram estudos detalhados sobre os perfis de atiradores em escolas. Eles mostram que apenas 12% deles tinham interesse em games violentos e que, nestes casos, eles pareciam ter mais interesse nas imagens de violência do que na jogabilidade em si.



Para Salah, considerando o quanto é comum que jovens do sexo masculino tenham interesse em games violentos, tais dados nos levariam à conclusão oposta: a de que os atiradores parecem ter menos interesse em jogos violentos do que a média, não mais.


O professor apontou que é possível estabelecer o perfil dos atiradores com relativa facilidade: jovens do sexo masculino que sofreram bullying, com problemas familiares e mentais significativos, que não foram identificados e tampouco tratados. A correlação entre games e violência real é, na melhor das hipóteses, uma especulação. 


Segundo Salah, as pesquisas mais robustas mostram que a fantasia pode ser um catalisador estético, mas jamais de motivação. Se retirada de cena, a violência ainda aconteceria, somente assumiria outra forma. Ela decorre das situações da vida real, não da fantasia. O professor destacou que ataques a tiros são multifatoriais. Se queremos realmente enfrentar um fenômeno cujas causas são difíceis de discernir, temos que adotar estratégias e políticas públicas que contemplem essa complexidade. 


De acordo com o professor, nós falhamos como sociedade com os atiradores de Suzano e com suas vítimas: toda uma rede de proteção que deveria estar lá para identificar os seus problemas fracassou. Ambientes escolares frequentemente são tóxicos e temos que enfrentar isso. Se queremos compreender o fenômeno no contexto contemporâneo, um dos elementos que merece atenção é o que a criminologia cultural define como vontade de representação. Vivemos em um momento inédito de produção de conteúdo. A humanidade jamais produziu tanto conteúdo. Cada um de nós produz diferentes narrativas com imagens idealizadas das próprias vidas e deseja ser admirado e até invejado por elas. 


Salah pontuou que a vontade de representação pode ser um fator de motivação para condutas criminais. O ato pode não ter sentido para nós, mas tem para quem o protagoniza. O autor efetivamente encena uma performance que é dirigida para si próprio, para a vítima e para potenciais audiências. É um trabalho comunicativo, mediante o qual determinados significados são projetados na vítima e ocorre um empoderamento do agente, no âmbito da sua própria subjetividade. 


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